Architizer Award winner in the Architecture + Photography category 2016
Arcaid Images “Architectural Photographer of the Year 2015”
Plataforma Arquitetura Photography Prize “Obra del Año 2015 – Project of the year 2015”

Destaques

LOOP DESIGN AWARDS
Fernando Guerra

BOOK EDITION
three days in Biarritz

FG EDITION
Bags & Camera straps

FG+SG BOOK EDITIONS
Livros de imagem

FINE ART PRINTS
Limited ditions

FERNANDO GUERRA
MoMa New York

Notícias

issue 44 June 2011

THE PERFECT MATCH

Brazilian hotelier Rogério Fasano’s latest creation is set among the rocky pampas of Uruguay. And the secret of his success? A creatively inspiring working relationship with designer Isay Weinfeld…

The entire project will be soon available at ultimasreportagens.com

 

FAD AWARDS 2011 FINALISTS


AIRES MATEUS
Lar em Alcácer do Sal
“La suma de una interesante estructura geométrica y una inteligente gestión del vacío convierten el edificio en un paisaje a la escala de
sus habitantes.”

JOÃO LUÍS CARRILHO DA GRAÇA
Núcleo arqueológico do Castelo de S. Jorge
“El magnífico juego de contrastes entre el nuevo volumen abstracto y las ruinas que hay que preservar permite percibir el espacio de las antiguas construcciones y recrear su atmósfera espacial.”


RICARDO BAK GORDON
2 Casas em Santa Isabel
“Una respuesta clara, sensible y cuidadosa en un emplazamiento
en el que escenario y platea se invierten, con lo que se consiguen unos espacios de una profunda intimidad a partir de unos patios estratégicamente colocados.”


SAMI Arquitectos
CreativeLab assinado por Tenente
“Un simplísimo trabajo que aprovecha todas las cualidades visuales y táctiles de una tela y sus pliegues para generar un sutil ámbito interior con diversos grados de transparencia.”

PROAP Landscape Architecture

 

(A sedução da) IMAGEM
Fernando Guerra

“Para a maioria das pessoas o que não foi fotografado de certa forma não existe, ou existe menos” Gerard Castello-Lopes

Os vinte anos a desenhar paisagem que este livro celebra são a procura de uma linguagem na arquitectura paisagista mas são também, principalmente, a face de uma paixão que tenho partilhado na colaboração com o João Nunes e equipa. Quando há uns anos recebi o contacto para fotografar um jardim perto de Lisboa, questionei-me da mesma forma quando me pediram para fotografar um arranha-céus: foram, na verdade, primeiras encomendas em áreas cuja escala e especificidade saía do meu trabalho diário. Fiquei apreensivo, não com o convite, mas com o método/resposta que iria usar para a abordagem deste trabalho. Depressa percebi que, da mesma forma que na arquitectura registamos pequenas histórias ao longo de um dia de sessão com narrativas sempre abertas e intencionalmente difusas, permitindo imaginar todas as narrativas que aí terão lugar; na fotografia da paisagem o mesmo pode acontecer. A fotografia de qualquer coisa é sempre crítica em relação ao que capta, assumindo-se ao mesmo tempo como uma forma de ficção. Comunicamos assim ideias, conceitos, para chegar à síntese de um projecto paisagístico em imagens. É essencialmente o que faço há vinte e cinco anos, naquilo que nasceu e se desenvolveu como um simples hobby. A fotografia de arquitectura tem vindo a tornar-se num ponto cada vez mais imprescindível no exercício da arquitectura e do desenhar a paisagem. São já muitas as vezes em que basta um bom fotógrafo orientar a sua objectiva para uma obra, para que esta passe a ser conhecida em todo o mundo. Pelo contrário, uma obra não fotografada torna-se inadvertida.

Não acredito na objectividade da fotografia. Por mais que muitos tentem apagar as contingências subjectivas da vida quotidiana que “contaminam” os espaços puros que os arquitectos desenham, uma imagem de um qualquer objecto arquitectónico, ou simplesmente de um objecto, resulta sempre da imposição de um ponto de vista. O que é essencial é que a mensagem seja clara, transparente, usando toda a habilidade e capacidade que o fotógrafo possui, nomeadamente as suas pernas para se deslocar. Não é no computador que se resgatam imagens ou se dá valor ao que não tem. A única chave para perceber a paisagem é percorrê-la fotografando, captando a espacialidade, deambulando, fazendo associações de ideias, de formas, de cores, de dimensões. É através deste movimento que descobrimos as infinitas variáveis do espaço projectado, as singularidades que fazem distinguir um espaço significante das existências insignificantes que invadem as nossas cidades.

O sintetizar de um projecto de uma paisagem é distinto do de fotografar arquitectura, mas mais em questões cromáticas, técnicas. Os edifícios mudam ao longo de um dia mas não mudam geralmente de forma, nem são afectados pelo vento ou a chuva. Os espaços desenhados pela Proap acolhem, abrigam e orientam. Uma paisagem degradada pode dar uma belíssima fotografia, enquanto um jardim cuidado pode ser quase impossível registar de uma forma objectiva, completa. Como fotografar o que é mutável, que cresce e morre ou simplesmente muda de cor? Como nos relacionamos com essa paisagem? Como a vemos e percorremos? Como a vivemos? E claro, a minha preocupação constante: como a representamos? Como se chega a uma imagem fotográfica que tem a difícil missão de representar uma paisagem nova? A fotografia de uma árvore não se encerra em si mesma, mas é uma forma de nos deixar sintetizar o sistema de ligações que compõem a paisagem. É mais uma peça da procura.

Essa procura é, por mim, sistematizada em dois processos elementares: observar e sintetizar. Com um olhar analítico, critico, mas sempre aberto à surpresa do instante da imagem captada. A forma é pessoal e dificilmente é explicada. É complicado racionalizar o que é espontâneo. Talvez na essência esteja uma curiosidade em ver coisas. Existe uma relação imaginada que estabelece a prazo uma ligação de intimidade com um objecto, neste caso com uma paisagem viva. Assim, trabalhando por camadas, fotografia após fotografia, cada uma fornecendo uma pista diferente de cor, textura ou simplesmente uma sombra de quem passa, a paisagem fotografada revela-se, e, da forma que a arquitectura é uma viagem no espaço, a melhor fotografia de uma paisagem, na sua completa bi-dimensionalidade, pode mostrar a sedução do desenho estimulando quem a vê, captando o genius loci, o sentido de lugar que define a nossa época. Tão simples aparentemente de sintetizar, é um trabalho de espera em que se procuram relações entre aquilo que se construiu e aquilo que, intacto, já existia. Percursos de uma realidade complexa em que o tempo nos mostra o que temos de ver, procurando não descurar algum detalhe que possa vir a revelar-se fundamental na compreensão do projecto – a exposição à luz (diurna/nocturna); o posicionamento preciso da objectiva; o movimento das pessoas, a “coreografia” do quotidiano. Intensificando a realidade “retratada” através da valorização do momento decisivo em que todos os elementos se parecem ter perfilado para serem fotografados. E, assim, reconfigurando o mundo que nos rodeia.

Em todos os trabalhos inspira-me a procura da síntese do que se sente, mas não se vê e que pode apenas ser sugerido: a emoção de um passeio através da sedução de uma fotografia.
No final do dia, as fotografias que fiz não são mais do que convites a uma visita. Seduzindo quem as vê, e as obras da Proap são sempre um convite a essa sedução, onde tenho tido o privilegio de passar longas horas, chamando trabalho ao prazer de um dia a deambular ao sabor do vento e do sol, a apreciar a vida como ela é, ou poderá ser, se quisermos.

 

(The seduction of) IMAGE
Fernando Guerra

“For the majority of people what has not been photographed, to a certain extent, does not exist or exists less” Gerard Castello-Lopes

The twenty years of landscape designing that this book celebrates are the search for a language in the landscape designed but they are also, principally, the face of a passion that I have shared in recent years of cooperation with João Nunes and his team. A few years ago, when I received a commission to photograph a garden near Lisbon, I questioned myself in the same way as when requested to go and photograph a skyscraper: “Why me?” In truth, they were the first commissions in areas whose scale and specific nature is beyond my daily work. I was left apprehensive, not with the invitation but with the methodology/response that I would use in approaching this highly specific and demanding example of photographic reporting. I swiftly understood that, in the same way as in architecture where we register small stories over the course of the day’s session with always open and intentionally diffuse narratives enabling the imagination of all the stories that will take place there, landscape photography may be subject to the same approach. When photographing anything what is actually captured is always critical while simultaneously conceived of as a form of fiction. We thereby communicate ideas, concepts to provide a summary of a landscape project in images. This is basically what I have been doing for the last 25 years and growing out of what was then but a simple hobby. The photography of architecture has becoming an ever more essential
facet to architectural practice and landscape design. There are now already many cases when it only needed a good photographer orienting their objectivity towards a work for this to become known worldwide. On the contrary, a work that is not photographed cannot get such attention.

I do not believe in the objectivity of photography. However much many strive to erase the subjective contingencies of daily life that “contaminate” the pure spaces that the architects design, an image of any architectonic object or simply an object, always results from the imposition of a point of view. What is essential is that the message is clear, transparent and incorporating all the skill and capacity the photographer possesses, particularly the legs to get around. It is not by computer that you save images or add on value to that which is worthless. The only key to understanding the landscape is to cover it while photographing, capturing its spatial dimension, wandering, making associations between ideas, shapes, colours and dimensions. Through such movement we may discover infinite variations in the projected space, the uniqueness that enables a significant space to be distinguished from all the insignificant existences that invade our cities.

The summary of a landscape project differs from its architectural photography but more in terms of chromatic and technical questions. The buildings change over the course of a day, but do not generally change in shape, nor are they impacted upon by the wind or the rain. The areas designed by PROAP welcome, shelter and nurture. A run down landscape might result in the finest of photographs while a tended garden might be practically impossible to record in any objective and complete form. How do you photograph that which is undergoing change, which lives and dies or simply changes colour? How do we relate to such landscapes? How do we see and travel them? How do we experience them? And naturally, my constant concern: how to represent them? How do we get to the photographic image that answers the difficult mission of representing the new landscape? A photograph of a tree does not encapsulate this in itself, but is a way of enabling a summary of the interconnected system that makes up the landscape. It is another step in the search.

This search is, to me, systematised into two elementary processes: observation and synthesis. With an analytical and critical perception, but always open to surprise in the instant of the captured image. The means are personal with any explanation difficult. It is complicated to rationalise that which is spontaneous. Perhaps in essence this is about curiosity in seeing things. There is an imagined relationship that over time establishes intimacy with an object, in this case with a living landscape. Hence, we work by layers, photograph after photograph, each providing a different clue to the colour, texture or simply the shadow of somebody passing by. The photographed landscape is revealed in the way that architecture is a journey through space with the best photograph of a landscape, in its complete bi-dimensionality, able to show the seduction of the design stimulating the viewer, capturing the genius locci, the sense of place that defines our era. So apparently simple to summarise, this is a work of waiting while seeking out relations between that which was constructed and that which, intact, already existed. Routes through a complex reality in which time shows us what we have to see, aiming not to overlook any detail that might prove fundamental in understanding the project: the exposure to light (day/nocturnal), the precise positioning of the objective, the movement of people, the “choreography” of the daily. Intensifying the reality “portrayed” through valuing the decisive moment in which every one of the elements seems to have fallen into line to be photographed. And thus the world surrounding us is reconfigured.

In each commission, I am motivated by the search for a synthesis of that felt but not that seen and that which may only be suggested: the emotion of a stroll through the seduction of a photograph.
At the end of the day, the photographs I have taken are no more than invitations to visit. Seducing those who see them, PROAP projects are always an invitation to this seduction, where I have had the privilege of spending long hours called work in the pleasure of a day spent wandering in the wind and the sunshine, appreciating life as it is or, if you wish, how we might like it to be.

 

PROAP Arquitectura Paisagista
Bárbara Silva

“Ao longo de vinte anos, João Nunes e a equipa da PROAP dedicaram-se a uma procura, quase obsessiva, de uma forma de dialogar e de comunicar com a paisagem de um modo compreensivo e participativo. Um dos conceitos que melhor poderia definir a arquitectura da PROAP é o desenho; já que este se converte no processo de criação mais importante. É nele que está a essência de cada projecto e de cada intervenção, que se define pela interpretação da natureza, onde cada paisagem é transformada através dos sentimentos e das sensações que um lugar é capaz de transmitir…”

 

PROAP Landscape Architecture
Bárbara Silva

“Over the past twenty years, João Nunes and the PROAP team have dedicated themselves to an almost obsessive search of a way to dialogue, to understand and to communicate with landscape in a perspective and involved manner. One of the concepts that better defines the architecture of this group of architects is their approach to the main design, given it becomes the most important process of creation. The essence of each project and each intervention is withheld in the design that defines the transformation of nature where each landscape is transformed by the feelings and sensations of each place…”

 

Edição
NOTE

Coordenação Editorial
Bárbara Silva

Traduções
Mariana Wallenstein
Kevin Rose

Revisões
Tiago Campos
Carla Silva
Cristina Cavallotti

Textos
João Nunes
Gonçalo Byrne
Ricardo Bak Gordon
Pedro Costa
Fernando Guerra
Manuel Aires Mateus
entre outros…

Edição Gráfica
Prude

Impressão
Peres-SocTip, S.A.

Data da Edição
Dezembro 2010

Depósito Legal
320488/10

ISBN
978-989-97072-0-7

 

Publisher
NOTE

Editorial Coordination
Bárbara Silva

Translations
Mariana Wallenstein
Kevin Rose

Revisions
Tiago Campos
Carla Silva
Cristina Cavallotti

Texts
João Nunes
Gonçalo Byrne
Ricardo Bak Gordon
Pedro Costa
Fernando Guerra
Manuel Aires Mateus
among others…

Graphic Editing
Prude

Printing
Peres-SocTip, S.A.

Publishing Date
Dezembro 2010

Dutie Copies
320488/10

ISBN
978-989-97072-0-7

Cover April 2011

Residências assistidas em Alcácer do Sal
Aires Mateus Arquitectos

Centenary of Higher Education Institutions

 

Dados técnicos / Technical data

Emissão / Issue
2011 / 03 / 22

Selos / Stamps
2x €0,32 – 2x 370 000
2x €0,80 – 2x 155 000

Design
José Brandão / Susana Brito

Agradecimentos / Acknowledgments
Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG); Instituto Superior Técnico (IST)
Universidade de Lisboa (UL); Universidade do Porto (UP)

Reprodução autorizada pelos CTT Correios de Portugal

 

Créditos / Credits

Selo Universidade de Lisboa – Fachada do edifício da Reitoria, foto Fernando Guerra; Desenho Inciso, J. Almada Negreiros, foto UL

Selo Universidade do Porto – Fachada do edíficio da Reitoria, foto Fernando Guerra; Queratoscópio de Plácido (Disco de Plácido), Museu de História da Medicina “Maximiano Lemos”, Faculdade de Medicina da UP

Selo Instituto Superior Técnico – Dr Alfredo Bensaúde, foto in revista “Os Açores”, Julho 1928, arquivo IST; Fachada do Pavilhão Central, Campus Alameda, foto Fernando Guerra

Selo Instituto Superior de Economia e Gestão Edifícios Francesinhas 1 e 2 e pormenor de painel de azulejos, Convento das Inglesinhas (Quelhas 6), fotos Fernando Guerra

Cover April 2011 | USA

Project House in Leiria, Portugal
Architect Aires Mateus & Associates

By David Cohn

The Lisbon-based brothers Manuel and Francisco Aires Mateus push their residential designs out of the realm of the ordinary toward the surreal and dreamlike. In one project, they arranged the living room furniture of a beach house on a floor of deep sand. In another, a renovated winery, they suspended the volumes of the bedrooms over the living space like geometric stalactites. And in this project for a young family outside the small city of Leiria, they created the perfect archetypal form of a house, straight out of a Monopoly game box or a fairy tale. An apparently solid volume wrapped completely in white plaster — pitched roof and all — sits on the green plinth of an extended lawn, sharply profiled under the Portuguese sun (…)

Entrevista a Fernando Guerra por Ana Filipa Amaro

 

Arquitecto de formação, Fernando Guerra trocou a régua e o esquadro pela máquina fotográfica. Perdeu-se um arquitecto, ganhou-se um dos melhores fotógrafos de arquitectura contemporânea em Portugal.

Chega de carro, que estaciona perto da Escola de Música, em Benfica. Sai meio apressado, cumprimenta a equipa da Fora de Série e fica com os olhos pregados às paredes da obra projectada por João Luís Carrilho da Graça e por ele fotografada. “A cor desapareceu, não imaginam como este amarelo era vivo…”, diz Fernando Guerra, ainda meio desnorteado com a forma como o tempo castigou não só as paredes, mas também o chão e as escadas em madeira e os jardins que compõem uma outra música, esta arquitectural.
Mas é por isto mesmo que o trabalho de Fernando Guerra é especial. As fotografias que tira dos trabalhos dos arquitectos são momentos que se eternizam no tempo e onde o amarelo não deixa nunca de ser “vivo”. O nome e o trabalho do fotógrafo português de arquitectura são, há já alguns anos, incontornáveis. Não só em Portugal mas no resto do mundo, com provas dadas nos seus quatro cantos. Com um olhar rigoroso, cioso do detalhe, Fernando Guerra trabalha a luz como poucos, a luz que lhe dita os dias, a meteorologia com quem joga ao jogo do gato e do rato.

Em conjunto com o irmão, Sérgio Guerra, Fernando leva a assinatura da empresa, FG+SG, a ser procurada por arquitectos mundiais como Zaha Hadid ou Richard Meier, e arquitectos nacionais como Álvaro Siza ou Nuno e José Mateus, do atelier ARX; a ser publicada por revistas internacionais como a “Wallpaper*”; ou a ser procurada no site ultimasreportagens.com como quem procura uma obra de arte. De arquitectura. De fotografia, claro.

Tem alguma história deste lugar, a Escola de Música, para contar?
É um privilégio fotografar a obra do João Luís Carrilho da Graça. Um dia, quando visitámos esta escola com um grupo de espanhóis, o João Luís confidenciou-me, preocupado, que as minhas fotografias eram tão bonitas que tinha receio que as pessoas ao visitarem a obra ficassem desiludidas. Seria impossível que isso acontecesse, dado o nível raro da obra deste arquitecto, mas foi um dos maiores elogios que podia ter ouvido.

Fotografia e arquitectura. Em que medida é que estas duas artes se tocam?
Para mim não só se tocam, como já se fundiram há muitos anos. Tenho dificuldade em separá-las, por isso nem tento. Mas olhando de uma forma mais distante, têm, por exemplo, em comum, o rigor com que precisam de ser feitas. Talvez esse rigor as torne áreas menos artísticas do que outras, já que existe um sentido prático ou um objectivo em cada uma delas e não seguem apenas a vontade do artista.

Estudou arquitectura por gosto ou por ser uma “profissão à moda antiga”?
Foi uma escolha muito natural. Desde miúdo que queria desenhar casas. Nunca pensei em fazer outra coisa. Tive influência, provavelmente, do meu pai, que é arquitecto, e o facto de ter crescido a vê-lo trabalhar no seu atelier e de o acompanhar nas viagens de trabalho que fazia.

Chegou a trabalhar como arquitecto?
Quando me formei, em 1993, fui para Macau para trabalhar seis meses num atelier local. O meu primeiro trabalho foi escolher as cores para os edifícios de uma nova cidade que ia crescer entre a ilha da Taipa e a de Coloane. Altamente intimidatório para começar. Acabei por lá ficar cinco anos, que passei numa rotina de trabalhos que adorava. E se, no entanto, não os fotografava, não passava um dia sem fazer fotografias na rua, sem encomendas ou objectivos especiais.

O que aconteceu para mudar para a fotografia?
Não existe um momento em que possa dizer que comecei apenas a fotografar. Até porque já o faço desde os 16 anos. Há 24 anos que ando com uma máquina na mão. Mas só há 11 anos, quando regressei de Macau, é que comecei com o meu irmão a propor aos principais ateliers fazer fotografias de obras. Com um mercado quase inexistente, poucas revistas e o trabalho a ser quase todo feito por um fotógrafo no Porto e outro em Lisboa, foi complicado começar. Por isso, mudámos a forma de trabalhar. Fotografava primeiro e ia ter com os ateliers depois, já com o trabalho pronto. Foi um investimento grande, muito pessoal, mas que valeu a pena. Aos poucos começámos a ter mais trabalho. E fomos crescendo. Hoje, quem começa nesta actividade faz um site e fica à espera que o telefone toque ou que o email chegue. O mercado existe. É a principal diferença.

Tem um curso de fotografia ou é tudo instintivo?
Nunca tirei um curso de fotografia. A fotografia tem um lado técnico que se aprende rapidamente. O mais importante na fotografia é saber ver. E isso não se ensina. Pode-se treinar e metodizar a caça das imagens, mas esse percurso deve ser pessoal.

Em que medida é que a fotografia de arquitectura é especial? O que diz a quem tem tiradas do género: “andam a fotografar paredes”?
Num mundo construído sobre a lógica da imagem, a fotografia de arquitectura ajuda a construir a arquitectura. O que não é pouco. É especial por ser um elemento de comunicação essêncial para o arquitecto que necessita de divulgar a sua obra e essêncial para o público que a quer ver, mas que muitas vezes não a pode visitar, quer por se tratar de uma obra privada, quer pela distância. Este tipo de fotografia não muda o mundo, como uma fotografia de um conflito pode ajudar a fazer, mas faz parte da própria arquitectura como elemento de promoção, documentação e investigação. As fotografias fornecem provas. Qualquer coisa de que se ouve falar, mas de que se duvida, parece ficar provado graças a uma fotografia. Numa das variantes da sua utilidade, uma imagem incrimina. Numa outra versão da sua utilidade, uma fotografia justifica. Mas sim, no final do dia posso dizer que passei o dia a fotografar paredes. Mas digo-o com muito orgulho.

Tenta sempre nos seus trabalhos introduzir o elemento humano. Qual é a importância de o ter?
Um dos motivos para não ter começado a trabalhar em fotografia de arquitectura mais cedo foi o facto de este tipo de fotografia ser tradicionalmente aborrecido, e como arquitecto sentia isso muito próximo. A fotografia de arquitectura tradicional baseou-se quase sempre em imagens despidas de gente, frias, quase clínicas. Passagens rápidas por uma obra. Sem tempo para detalhes que, muitas vezes, não só enriquecem a obra como lhe dão significado. Por outro lado, sempre fiz imagens na rua de situações que não se repetiam facilmente, fosse o passar de uma pessoa, de um gato, de uma bicicleta, de uma nuvem, ou de miúdos que brincavam. Instintivamente acabei por juntar o rigor que precisamos de ter como base na fotografia de arquitectura com o espontâneo da fotografia de rua. No entanto, não sei se tenho um estilo definitivo, até porque tento mudar a forma como fotografo todos os dias.

Como “internacionalizou” o seu nome?
Além de não tirar férias há uns anos, talvez o que mais tenha ajudado tenha sido a comunicação do que fazemos ou a forma como a fazemos. Em 2003, e numa altura em que todos os sites de fotógrafos tinham uma senha para entrar nos respectivos sites, criámos o ultimasreportagens.com, que começou por ser uma pequena e despretensiosa biblioteca de arquitectura contemporânea portuguesa e que, com os anos, se tornou, de alguma forma, numa referência com quase 500 trabalhos ‘online’. A internacionalização foi, como tudo o resto na FG+SG, muito gradual e nunca procurada como um fim. Aconteceu simplesmente. Há uns anos quando começaram a aparecer-me encomendas de clientes como Zaha Hadid, I.M. Pei, Jordi Badia, Richard Meier e Isay Wenfield, apercebi-me que as publicações, tanto em papel, como na Web, começavam a dar alguma visibilidade ao trabalho da FG+SG e que o retorno eram novas encomendas. Hoje em dia, passo uma parte significativa do mês fora de Portugal em reportagens diversas em que tanto fotografo uma casa familiar, um hotel de luxo ou um aeroporto. O que é bom, já que existem 365 dias de sol num ano e eu só preciso de estar no sítio certo, que nem sempre é em Portugal. Independentemente de ser em Portugal onde mais gosto de trabalhar.

Qual o trabalho que marcou a sua carreira?
É difícil a escolha, mas talvez destaque dois trabalhos: A casa Toló, do Alvarinho Siza Vieira, e uma obra do seu pai, Álvaro Siza, na Coreia, uma pequena galeria num jardim perto de Seul. Não só pelas imagens que correram bem, mas por me terem ajudado a chegar a muitos editores internacionais numa altura em que um envio de um email acabaria, geralmente, na caixa de ‘spam’. Essa atenção permitiu-me estabelecer relações de trabalho onde não existiam. Só a casa Toló teve mais de 60 publicações nacionais e internacionais e dezenas de capas.

É essencial que um fotógrafo de arquitectura seja também arquitecto?
Não é condição mas, regra geral, todos os fotógrafos que conheço e que fazem este tipo de trabalho o são. Há uma predisposição para olhar para a arquitectura de uma forma mais clara e directa. É relativamente fácil como arquitecto perceber não só o projecto, mas o conceito da obra, o essencial a fotografar. Depois, só é preciso saber fotografar.

O tempo, as condições meteorológicas são o pior inimigo de um fotógrafo?
Para mim são. O trabalho depende tanto da obra como da meteorologia. A única coisa que pode comprometer a criatividade num trabalho é a falta de boa luz. Não há desculpas para um trabalho ficar menos bem.

Não sente que pode ter passado ao lado de uma grande carreira enquanto arquitecto?
Perguntam-me muitas vezes se não tenho saudades de projectar. E digo sempre que sim. Mas projectar é uma coisa e acompanhar uma obra durante uns 3 ou 4 anos é outra. Estou demasiado habituado ao facto de, passado um mês da sessão, ter mais uma obra feita em vez de ter de esperar 5 anos e passar por burocracias de regulamentos e legalizações. No entanto, não estou reformado, não me sinto de todo assim.

Tem trabalhos publicados na “Wallpaper*”, uma das mais famosas revistas de arquitectura. As revistas são a maior fonte de trabalho?
Sempre vi as publicações mais como parceiras na comunicação do projecto de um cliente, do que como fontes de trabalho. É raro ter uma encomenda de uma revista, apesar de, curiosamente, a “Wallpaper*” ser uma das que mais me encomenda trabalhos, que vão desde fotografar um hotel em Évora ao lançamento de um novo automóvel em Espanha.

Pergunta da praxe: Quem é o seu arquitecto favorito, português e estrangeiro? E o fotógrafo?
Português, o arquitecto Álvaro Siza, com quem tenho o privilégio de trabalhar há alguns anos. Estrangeiro, o arquitecto brasileiro Isay Wenfield. Quanto aos fotógrafos, tenho muitas referências, mas aquele que mais influenciou a minha forma de olhar o mundo talvez seja o David Alan Harvey, um fotógrafo da Magnum.

Um lugar “arquitectónicamente” especial.
A minha casa, porque, provavelmente, é onde passo menos tempo do que gostaria. Fica perto de Lisboa e é um projecto meu, mas nunca a fotografei. E provavelmente não o vou fazer. Talvez não precise. Está sempre ali…

Portugal é um lugar fácil para se trabalhar fotografia de arquitectura?
Portugal é não só um lugar fácil como um dos melhores. Não só temos uma arquitectura única e internacionalmente reconhecida, como o país se atravessa de uma ponta à outra em poucas horas.

O que lhe dá mais “gozo” fotografar?
Tanta coisa! O dia-a-dia já me dá imenso gozo registar. Mesmo que não esteja a fotografar comercialmente, até uma ida para o atelier pode servir para um registo qualquer que me dê prazer. E, claro, as viagens, as reportagens que saem da minha rotina arquitectónica, como os trabalhos que faço de moda para o meu amigo José António Tenente, ou, simplesmente, fotografar as minhas filhas, tudo sabe bem para depois regressar às fotografias de casas.

Quando deixa a máquina fotográfica em casa?
Nunca consigo deixar a máquina em casa. Nem mesmo quando vou às compras mais banais. Já faz parte de mim. Mesmo que nunca a use, está ali comigo.

Está com algum projecto em mãos?
Várias monografias sobre arquitectos portugueses, novas edições limitadas de fotografias e muitas viagens para novos trabalhos. É um desafio, mas é essencial não parar de pensar e reinventarmo-nos para sobreviver. Ninguém vive da fama nesta área. Todos os dias são uma prova nova, onde os “êxitos” passados nada adiantam nessa sessão. Superá-la é a única resposta possível.

Greenest Prefabs

Prefabs are easier on the earth than most residential homes, but a handful of architects are pushing eco-smart prefabrication to a whole new level of sustainability

by Mimi Zeiger

In July 2008, a summer tainted with the early rumblings of the sub-prime mortgage crisis, the Museum of Modern of Modern Art in New York opened Home Delivery: Fabricating the Modern Dwelling. The exhibition chronicled the prefabricated house in modern architecture, and it included several homes commissioned by the museum and set up on an empty lot on 54th Street. A MoMA show often represents the summing up of an architectural movement, and Home Delivery was no exception. However, it was the global economy that proved the de facto capstone (if not the nail in the coffin) to the trend. By the time the show closed that October, the housing market was in free fall. “Modern prefab lives fast, dies young, leaves good looking corpse,” mused green architect and expert Lloyd Alter on TreeHugger at the time. And by mid-2009, Michelle Kaufmann, designer of the Glidehouse-an iconic modular home positioned as the poster child for the burgeoning prefab lifestyle-shut down her company, citing plunging home values (along with the closing of the factories that made her houses) as a key reason for bowing out.

Últimas reportagens

recent work by Fernando Guerra


A mais completa biblioteca online de imagens da arquitectura contemporânea portuguesa.
Últimos projectos nacionais.
Obras de referência internacionais.
Artigos especiais.
Publicações.
Visite-nos regularmente para novas imagens.

Últimas Collins dictionary
1. last 2. latest, most recent; Latest is the superlative of late. adj You use latest to describe something that is the most recent thing of its kind. 3 adj You can use latest to describe something that is very new and modern and is better than older things of a similar kind.

LOJAS

REDES SOCIAIS

NEWSLETTER