Residência Fundação EDP no Museu Nacional de Arte Antiga
O ciclo que esta exposição integra foi proposto pelo MNAA, em 2012, à Fundação EDP, e tem sido produzido pela equipa da DuplaCena/Horta Seca. A edição deste ano, a quarta, é comissariada por João Pinharanda, que acumula funções de programação na Fundação EDP.
A escolha apresentada é apenas um esboço. A atitude artística que orienta este trabalho exige a aceitação de sobreposições temáticas, das fugas e desvios de sentido, das zonas de crítica e ironia de cada discurso individual. O edifício é registado na tentativa de perceber os tempos e os corpos construídos que nele se sobrepõem ou fundem; no desejo de perceber a relação do “dentro” e do “fora”, as diferentes espessuras da sua pele, os balanços de volume e peso, a coerência ou deslocação das suas articulações. Cá fora: o jardim, o rio, a cidade (umas vezes belíssima, outras marginal). No seu interior: a passagem do tempo, espelhada na sequência histórica das obras expostas mas também nos pormenores de construção, no desenho dos mobiliários expositivos, nas soluções de montagem. O MNAA aproxima-se de um grande ciclo de renovação. Mas cada renovação preserva sempre parte do passado. Num próximo futuro, através deste Catálogo, perceberemos bem o deslizar do tempo: os jogos de continuidade, de sobreposição e separação de que se fazem os Museus e o Mundo.
As imagens de Fernando Guerra permitem-nos uma viagem vertiginosa pelas salas do Museu – como se ele nos desse um único plano-sequência fílmico. A centralidade das composições, a justeza das cores, a solução de apresentação das imagens em grelha constitui, porventura, o mais completo catálogo da montagem interior das salas do Museu desde os repositórios históricos dos estúdios Novaes. No entanto, o equilíbrio de todos os elementos de composição gera incomodidade em quem olha e obriga-nos a descobrir, na aparente perfeição desse real, elementos de desacerto e erro.
MNAA Museu Nacional de Arte Antiga
Inauguração 16 de Maio às 21h30