Architizer Award winner in the Architecture + Photography category 2016
Arcaid Images “Architectural Photographer of the Year 2015”
Plataforma Arquitetura Photography Prize “Obra del Año 2015 – Project of the year 2015”

Destaques

LOOP DESIGN AWARDS
Fernando Guerra

BOOK EDITION
three days in Biarritz

FG EDITION
Bags & Camera straps

FG+SG BOOK EDITIONS
Livros de imagem

FINE ART PRINTS
Limited ditions

FERNANDO GUERRA
MoMa New York

Notícias

Perfumaria de casa

Fernando Guerra fotografou a campanha de lançamento da nova linha de José António Tenente, Amor Perfeito | Perfumaria de casa.
“As imagens traduzem o ambiente elegante e sofisticado deste aroma. Tranquilo mas intenso, sóbrio mas glamoroso, ousado e apaixonante. Este amor vive de emoções fortes, olhares compreendidos, diálogos que não precisam de terminar, num cenário urbano mas irremediavelmente romântico”.

Realização JAT team
Fotografia FERNANDO GUERRA

STEVEN HOLL Architects in collaboration with Solange Fabião

Editorial

Abriu no dia 25 de Junho de 2011 o novo Museu do Oceano e do Surf da autoria do arquitecto americano Steven Holl em colaboração com a arquitecta e artista brasileira Solange Fabião. Fernando Guerra fotografou durante três dias a vida no novo museu. Quem o inaugurou ou simplesmente por ali passou apressadamente num regresso da praia observou um encontro entre a cerimónia de inauguração trajada a rigor e a prancha de surf debaixo do braço. Figuras apanhadas numa estrutura que se estende perpendicularmente ao oceano em forma de onda côncava que alberga os edifícios translúcidos. Uma onda que é um palco privilegiado entre o céu e o oceano, como ilustrado nos desenhos conceptuais de Steven Holl que estão na raiz do projecto. Aqui nasceu um museu que alia a investigação científica do oceano ao aspecto lúdico de viver e partilhar experiências através de um desporto do qual, curiosamente, o próprio Steven foi praticante o que lhe confere um entendimento extra do espírito e da relação com o oceano.

Neste dossier especial feito em colaboração com o atelier de NY apresentamos essas imagens inéditas, bem como aguarelas do processo criativo, desenhos finais e textos sobre a obra escritos por quem a vê hoje concluída, nos quais se inclui o de um colaborador de longa data do atelier. Elementos que permitem a todos os que não podem passar por Biarritz, conhecer o projecto com alguma profundidade.

O site ultimasreportagens.com continua assim o seu trabalho não apenas de difusão da obra de um fotógrafo e da arquitectura nacional como também de edifícios de referência internacional. Depois de uma série de projectos na América Latina da autoria de Isay Weinfeld chega a vez desta obra de Steven Holl na Europa. Todos estes projectos constituem uma vasta base de dados e um acervo de recursos de consulta e referência que permanecerá disponível online. Eis o nosso objectivo diário.

Motivados pela singularidade deste projecto e pela reportagem que dele nasceu decidimos disponibilizar uma publicação impressa que documenta todo o processo. Um livro que pode ser facilmente encomendado on-line.

VER DOSSIER ESPECIAL

 

Editorial

The new Cité de l’Océan et du Surf Museum designed by american architect Steven Holl in collaboration with brazilian architect and artist Solange Fabião opened on 25 June 2011. For three days Fernando Guerra photographed life inside. Whether it was someone inaugurating the museum or simply passing through in a hurry back from the beach, one observed an encounter between the opening ceremony in formal attire and a surfboard under the arm. Figures caught in a structure extending in a perpendicular fashion to the ocean in a concave wave that houses the translucent buildings. A wave is a privileged stage between sky and ocean, as illustrated in Steven Holl’s conceptual designs at the root of the project. Here a museum was born that unites scientific research of the ocean with the playful aspect of living and sharing experiences through a sport which, interestingly, Steven himself has been a practitioner of, bestowing him with an extra understanding of the spirit and relationship with the ocean.

In collaboration with the New York studio, this special dossier presents these previously unpublished images, as well as watercolours of the creative process, final drawings and texts about the work written by those who have seen the completed building, as well as a piece by a long-time collaborator with Holl studio. Such elements allow all those who cannot pass through Biarritz to get to know the project in some depth.

Hence, the ultimasreportagens.com website continues its work of not only disseminating a photographer’s work and national architecture, but also of buildings with an international reference. After a series of projects in Latin America by Isay Weinfeld, it is the turn of this work by Steven Holl in Europe. All of these projects constitute a large database and a collection of resources for consultation and reference that will remain available online. This is our daily goal.

Motivated by the uniqueness of this project and the piece that resulted from it, we decided to provide a print publication that documents the entire process. The book can be easily ordered online.

SEE SPECIAL DOSSIER

Contents

374 Photographs | 1 Museum | 3 Days in Biarritz

Texts by Yehuda Emmanuel Safran and Rodolfo Reis Dias

Drawings and watercolors by Steven Holl & Solange Fabião

Interviews with Steven Holl, Solange Fabião and Rodolfo Reis Dias

Technical drawings

Credits

Steven Holl biography

ORDER THE BOOK ON-LINE

Exclusive interview with Fernando Guerra

Are there great buildings that do not photograph well?

There are buildings that are more easily photographed than others. Not because they are necessarily better designed, but because they seem to display themselves well, as if they knew how to work the camera as a fashion model does. And there are others, which, although beautiful, don’t work as well, whether because of the surroundings, the weather or its scale. It is up to the photographer to neutralize this difference… read more

Sala Ensaio do CCB | Lisboa

Sangue Jovem de Peter Asmussen
com encenação de Beatriz Batarda

“Sangue Jovem junta três amigas de infância, sem filhos, e que perante a inevitabilidade do envelhecimento, da doença e da solidão, procuram uma possibilidade de redenção. A elas junta-se um jovem que quer ser ator, cheio de certezas e fome de viver, que logo se torna vitima da sua própria voracidade. A noite apresenta-se como um jogo de suspensões e adiamentos de revelações, entre o que é segredo e o que é falta de memória, resolvendo-se por fim como manda a vida, de forma repetitiva. As três mulheres estão inquietas com a ideia de futuro possivelmente por não se reconhecerem no passado que construíram. O encontro anual possibilita o regresso a um lugar seguro de infância, mas pobre em vivências comuns e ninharias, tornando a identidade que reencontram espelhada umas nas outras, cada vez mais distante daquilo que gostariam de ver (…)”

Beatriz Batarda in programa de sala CCB

Reportagem de Fernando Guerra exclusivamente no Facebook

Barbosa & Guimarães | Law Courts | Gouveia, Pt

Palácio da Justiça de Gouveia
Barbosa & Guimarães 2002 – 2011

“Gouveia, porta de entrada da serra da estrela, vai ser servida por um novo Palácio da Justiça. O terreno destinado para a sua construção, localiza-se entre dois jardins públicos, no remate da Rampa do Monte do Calvário, substituindo um edifício existente.

O projecto tira partido da demolição do edifício existente, que ocupava a totalidade do lote, para desenhar uma nova Praça, com escala e dignidade para receber o Palácio da Justiça.
Em diálogo com os muros de granito que definem a sua envolvente, a Praça assume-se como um envasamento de pedra, sobre o qual pousa o Tribunal. O Edifício, assente em quatro pilares, garante transparência e ligação entre os dois jardins que o delimitam a Norte e a Sul.

A dignidade e o simbolismo que um Edifício como um Palácio da Justiça deverá sempre ter, é conseguido à custa do carácter monolítico e singular, que o volume em betão branco adquire, sobretudo na expressão dos seus alçados maciços, com vãos profundamente “escavados” como que suspensos sobre a Praça.

Uma escada de generosas proporções aberta para um pátio, dignifica o acesso ao piso do Tribunal. O átrio/foyer, atravessa longitudinalmente a totalidade do Edifício, comunicando directamente com o Jardim a Norte, estabelecendo uma relação de proximidade com as copas das árvores existentes através de um vão horizontal. Na volumetria, destaca-se a sala de audiências, com um conjunto de lanternins verticais, que de uma forma subtil iluminam a totalidade do espaço.

Os serviços das conservatórias, com funcionamento autónomo ficam instalados no envasamento do Edifício, abertos para um pátio interior, que comunica directamente com o jardim a Norte.

O projecto prevê ainda um parque de estacionamento automóvel público, oculto sob a praça com acessos a partir dos arruamentos confinantes.”

 

Law Courts in Gouveia
Barbosa & Guimarães 2002 – 2011

“Gouveia, door for entry to the Serra da Estrela, is going to be served by new Law Courts.
The land set aside for construction is located between the public gardens, at the end of the Rampa do Monte do Calvário, replacing an existing building.

The project takes advantage of the demolition of the existing building, which occupied the whole of the plot, to design a new Plaza, with a scale and dignity to receive the Law Courts.
In dialogue with the granite walls that define its surroundings, the Plaza takes on the form of a bottling of stone, upon which the Law Courts rest. The building, set on four pillars, ensures transparency and connection between the two gardens that delimit it to the North and the South.

The dignity and symbolism that a building like the Law Courts should always have is achieved at the cost of the monolithic and singular character that the volume of white concrete acquires, above all in the expression of its compact elevations, with empty spaces deeply «excavated», as if suspended over the Plaza.

A staircase of generous proportions opening onto a patio honours access to the Court floor.
The lobby/foyer crosses longitudinally the entirety of the building, communicating directly with the garden to the north, establishing a relationship of closeness with the tops of the existing trees through a horizontal empty space. In the volume, the courtroom stands out, with a set of vertical skylights that subtly light the whole space.

The registrars services, which operate independently, are installed in the filled part of the building, open to an interior patio which communicates directly with the north garden.

The project foresees a public car park, hidden under the plaza, with access from the adjacent streets.”

 

Local
Gouveia

Dono da obra
Instituto de Gestão Financeira e Infraestruturas da Justiça

Concurso
2002

Projecto
2002 – 2004

Obra
2008 – 2011

Arquitectura
Barbosa & Guimarães
José António Barbosa
Pedro Lopes Guimarães

Colaboradores
Cristina Chicau
Henrique Dias
José Marques
Luís Monteiro
Miguel Pimenta
Paula Fonseca
Susana Machado
Teresa Aroso
Raul Andrade
Pablo Rebelo

Estabilidade e Estruturas
Alberto Teixeira

Instalações Hidráulicas
Luis Veloso

Instalações Eléctricas
Rga. Paulo Oliveira

Instalações de Rede de Gás
Rga. Arnaldo Monteiro

Instalações de Avac
Rga. Arnaldo Monteiro

Empresa Construtora
José Coutinho S.A.

Director de Obra
Rafael Luzio

 

Place
Gouveia

Owner
Instituto de Gestão Financeira e Infraestruturas da Justiça

Competition
2002

Project
2002 – 2004

Work
2008 – 2011

Architecture
Barbosa & Guimarães
José António Barbosa
Pedro Lopes Guimarães

Team
Cristina Chicau
Henrique Dias
José Marques
Luís Monteiro
Miguel Pimenta
Paula Fonseca
Susana Machado
Teresa Aroso
Raul Andrade
Pablo Rebelo

Structures
Alberto Teixeira

Hydraulic Instalations
Luis Veloso

Electrical Instalations
Rga. Paulo Oliveira

Gas Instalations
Rga. Arnaldo Monteiro

HVAC Instalations
Rga. Arnaldo Monteiro

Construction Company
José Coutinho S.A.

Director of Work
Rafael Luzio

Uzina books com fotografia de Fernando Guerra

BELÉM LIMA
12 Regards

Ana Vaz Milheiro
Bernardo Pinto de Almeida
Emídio Agra
Fernando Guerra
João Miguel Fernandes Jorge
José Luís Gordo Porfírio
Jorge Figueira
Maria Filomena Molder
Rui Chafes
Susana Camanho

Rui Chafes
Habitar uma Sombra

Para chegares a uma casa, tens de caminhar. Tens de procurá-la. Uma casa não existe. Uma casa não vem ter contigo, à tua procura. Nenhuma casa te espera, a menos que aceites que aquilo que te espera possa ser uma casa. Tens de procurá-la, tens de construi-la, mesmo que pareça já estar construída. Procuramos uma casa, nem sempre sabemos onde ela se poderá encontrar.

Uma casa de granito, ou de calcário, ou de madeira, ou de betão, ou de pano, ou de adobe, ou de terra misturada com canas, ou de ferro, ou de papel. Um cobertor, ou apenas a arcada de um prédio na noite desta cidade. Ou os lençóis de uma cama, ou um quarto de hospital, ou as quatro paredes de um asilo ou de uma cela de prisão. Lugares onde a espessura do tempo perde todo o significado.

Uma gruta onde alguém esperará por alguém até que a última vela se extinga e tudo mergulhe na escuridão, para sempre. Um pequeno apartamento perdido entre tantos outros, ou um palácio escondido por detrás das árvores. Enormes janelas sobre a paisagem, uma distância que nos defende do mundo através do mais preciso enquadramento da sua beleza. Uma casa negra, uma sombra. Uma casa que não quer aparecer, que está e não está, que existe e não existe neste lugar, erguendo a sua sombra entre a brancura de todas as que a rodeiam. Ou as paredes de betão, viradas para dentro, que nos isolam do resto da cidade. Uma sucessão de longos muros coloridos onde os ramos das árvores se duplicam, silenciosamente, em forma de sombra. Um sofá no canto do quarto, a estante com todos os livros que contêm o nosso mundo. Um compartimento de comboio. Um quarto de hotel, frio, daqueles baratos, perto da estação, que os ladrões preferem, para poderem mais facilmente fugir.

 

BELÉM LIMA
12 Regards

Ana Vaz Milheiro
Bernardo Pinto de Almeida
Emídio Agra
Fernando Guerra
João Miguel Fernandes Jorge
José Luís Gordo Porfírio
Jorge Figueira
Maria Filomena Molder
Rui Chafes
Susana Camanho

Rui Chafes
Inhabiting a shadow

To get to a house you have to walk. You have to find it. A house does not exist. A house won’t come to meet you, it won’t come looking for you. No house expects you unless you accept that what is expecting you may be a house. You must find it, build it, even it already seems to be built. We look for a house without ever quite knowing where we might find it.

A house of granite or limestone, wood, concrete or cloth, adobe or earth mixed with cane, made of iron or paper. A blanket or just the arch of a building in the night of the city. Or the sheets of a bed, or a hospital room, or the four walls of an old people’s home or a prison cell. Places where the thickness of time losses all meaning.

A grotto where someone will wait for someone until the last candle burns down and all is plunged in darkness forever. A small apartment lost among so many others, or a palace hidden among the trees. Enormous windows over the landscape, a distance that protects us from the world by the most exacting framework of its beauty. A black house, a shadow. A house that does not want to appear, that is there but isn’t, that exists but does not exist in this place, raising its shadow between the whiteness of all the others surrounding it. Or concrete walls facing inwards, cutting us off from the rest of the city. A succession of long coloured walls where the branches of the trees silently duplicate themselves in the shape of a shadow. A sofa in the corner of the room, the bookshelf with all the books that contain our world. A train compartment. A hotel room, cold and cheap, near the station, the sort thieves prefer so they can more easily escape.

Uma cama para o nosso cansaço. Um objecto amado que conservamos no calor da nossa mão. Uma carta que recebemos e que mantemos guardada. Ou o armário com todos os objectos que recolhemos nas nossas viagens. Uma casa pode ser uma praia, uma onda, uma rocha.

Uma casa é uma fogueira, ou é um copo de leite quente, ou um copo de vinho, ou um copo de água. Uma casa solitária, rodeada de miragens. Uma casa abandonada, que nos abriga da chuva.

Uma casa é um jardim, uma árvore com raízes ou a sua sombra, apenas. Uma casa de adobe no vazio do deserto, uma tenda na estepe ou na hammada, o longo tempo que passamos escutando o sangue a percorrer as veias do nosso corpo. O velho nómada que vive numa tenda, no pátio da casa do seu filho, porque sabe que morrerá no dia em que tiver um telhado sobre a sua cabeça em vez do luminoso silêncio das estrelas.

Nós somos as casas, os países, as fronteiras. A nossa casa são as dunas do deserto onde, se algum dia morrermos, as nossas cinzas serão espalhadas e assim ficaremos para sempre juntos, levados pelo vento, pairando no nosso mais amado lugar do mundo, misturados com a areia, ora escaldante, ora gelada. A nossa casa é a nossa viagem, eterna e sem retorno, para além da última fronteira. Nunca mais nos custará subir as dunas, se fizermos parte delas. A minha casa és tu. Se viveres no sítio onde nasceste, estás sempre a perder, diariamente: nada
conseguirá curar as feridas da memória. Se emigraste para longe das tuas raízes, não perdes nada, tudo é novo para o teu coração. Tens tudo, menos o reconhecimento permanente e sempre espantoso dos espaços que já habitaste em criança, e que continuas a habitar.

Reconhecer… é essa a palavra mais pesada de todas, quando falas da “casa”. Falas de memória, de regressar às origens, do primitivo instinto do regresso. Uma menina com um ano, sentada na cadeira do fotógrafo, olha-nos lá de longe, na imensidão do tempo, com os seus olhos transparentes, a preto e branco; hoje tem quase 90 anos e a casa de granito onde nasceu persegue os seus sonhos e oferece-se, em vão, à sua corrida apressada e alegre pelas varandas e escadas. O cheiro das madeiras, o toque das maçanetas das portas na palma das nossas mãos, é disso que nos fala a muda arte dos construtores, dos arquitectos. Uma construção precisa, que fala apenas a sua própria linguagem, a sua própria essência específica.

A que local queremos sempre regressar? O teu desejo absoluto é ter uma casa que nunca mude, num local que nunca se modifique, sempre o mesmo. Mas, como sabes, isso é uma utopia, uma impossibilidade: nada mantém a sua forma. Nada. Tudo muda em permanência, até esta estrada em que atravessamos a paisagem, que hoje é assim e amanhã será de outro modo.

 

A bed for our tiredness. A beloved object we hold in the warmth of our hand. A letter we receive and keep. Or the cupboard with all the objects collected on our travels. A house can be a beach, a wave, a rock.

A house is a bonfire or a glass of warm milk, a glass of wine or a glass of water. A solitary house surrounded by mirages. An abandoned house where we shelter from the rain.

A house is a garden, a tree with roots or merely its shadow. An adobe house in the empty desert, a tent on the steppes or in the hammada, the long time we spend listening to the blood flowing in the veins of our body. The old nomad who lives in a tent in the courtyard of his
son’s house because he knows that one day he will die when instead of the shining silence of the stars he has a roof over his head.

We are the houses, the countries, the frontiers. Our house is the dunes of the desert where if one day we die our ashes will be scattered and so we will be together always, blown by the wind, hovering over our most beloved place on earth, mingling with the scalding or freezing sand. Our house is our journey, eternal and without return, beyond the last frontier. It will never be hard for us to climb the dunes if we are part of them. My house is you. If you live in the place where you were born you are losing every day: nothing can cure the wounds of memory. If you emigrated far from your roots you lose nothing, all is new to your heart. You have everything except the permanent and onstantly amazing recollection of the spaces you lived in as a child and in which you continue to live.

Recollection… that is the heaviest word of all when you speak of “home”. You speak from memory of going home, of the primitive instinct of return. A one-year old girl sits on the photographer’s chair and watches us from afar, in the immensity of time, with her transparent eyes, in black and white; today she is almost 90 and the granite house where she was born chases her dreams and in vain offers itself up to her quick and happy prancing on the verandas and stairs. The smell of wood, the touch of the doorknobs on the palm of our hands,
that is what the dumb art of builders and architects speaks of. A precise construction, which only mentions its language, its own specific essence.

To which place do we always wish to return? Your absolute desire is to have a house that never changes in a place that never alters, always the same. As you know, however, that is an illusion, it is impossible: nothing retains its shape. Nothing. Everything is constantly changing, even this road on which we cross the landscape, today is thus and tomorrow will be different.

As cidades mudam e os campos desaparecem, quando não lhes prestamos atenção. Tudo está em constante transformação, tudo aparece de forma minúscula e vai crescendo até se tornar gigantesco e desaparecer depois, para sempre. É esta a história do nosso desamparo. Quereres uma coisa que não mude é a utopia de quereres o que te proteja da própria mudança. Mas isso é medo disfarçado de força. Sofres porque perdeste tudo, todos os locais da tua memória, a casa da memória. Já não tens aonde regressar, um lugar que esteja sempre igual e imutável, de cada vez que lá voltas. Dizes que tens a absoluta necessidade de voltar para o sítio onde vieste a este mundo, onde foste uma criança feliz. Mas a idade não existe, apenas o desejo de parar o tempo, de o inverter, de ser de novo a criança que corria na varanda. Ou de tornar a ver o imenso pôr-do-sol que nos acompanha até adormecermos na nossa cama de férias. Sofremos por não sabermos a onde pertencemos, ou por não pertencermos a lugar nenhum. Se não conseguimos parar o tempo nem invertê-lo, só nos resta fugir dele. Onde o nosso olhar pousa, começa um mundo novo. Ter a capacidade de olhar para uma coisa pela primeira vez. O primeiro olhar. Tentamos reproduzir a pureza desse primeiro olhar nas coisas que fazemos para os outros. Mas os cheiros, as sombras das folhas nas paredes dos jardins, a frescura estonteante das madrugadas em silêncio nos campos acabados de sair da noite… nada disso volta, está perdido para sempre. Permanece apenas a casa, a construção, o trabalho dos arquitectos, dos construtores, dos pedreiros, dos carpinteiros. Mas, por vezes, tens medo de já não caberes nessa tua casa. Ou de teres deixado de lhe pertencer.

Uma casa são as palavras com que me descreves emocionadamente, e com toda a precisão, uma capela em forma de lágrima, formada pelos espaços vazios dos troncos que arderam totalmente. Talvez sejas tu a madeira que ardeu, deixando apenas o negro rasto de uma ausência.

Uma casa é uma visão: aquela enorme montanha que acompanha a minha vida desde criança. Aquela montanha. Uma casa é o riso e as vozes das crianças que a habitam. Uma casa é onde o sorriso antigo dos nossos Pais permanece sempre à nossa espera, de cada vez que chegamos. Uma casa é uma gargalhada, ou as vozes e o sorriso dos amigos. Procuramos uma casa que exista em todo o lado, sem tectos nem paredes. Nem alicerces. Nem portas fechadas. Uma casa é um abraço: o maravilhoso aroma da pessoa amada, a sua acolhedora temperatura, a comovente suavidade e doçura dos seus contornos, a sua pele, a sua voz, o seu olhar que nos envolve. O seu sorriso, que sempre reconheceremos. A sua mão no interior da nossa mão quando passeamos os dois. Esta é a casa mais eterna e a mais precária, a única que esperará sempre por nós. Nenhuma casa vem ter contigo. Para chegares a uma casa tens de caminhar, tens de a procurar. Podes conseguir encontrá-la, no tempo da tua vida. Ou não.

Rui Chafes
Lisboa, Julho 2010

 

Cities change and fields disappear when we pay them no attention. All is in permanent transformation, all appears in minuscule form and grows until it become gigantic, disappearing again forever. That is the story of our forlornness. Wanting something that does not change is the illusion of wanting what will protect you from change itself. That is fear disguised as strength. You suffer because you lost everything, all the places in your memory, the home of your memory. You no longer have somewhere to go back to, a place that is always the same, immutable, every time you return.
You say that it is absolutely vital that you return to the place where you were born, where you were a happy child. But age does not exist, only the desire to stop time, to turn back time, once again to be the child who ran on the veranda. Or once again to see the huge sunset that keeps us company until we fall asleep in our holiday bed. We suffer not knowing where we belong or for not belonging anywhere. If we cannot stop or turn back time, we can only run away from it.
A new world begins where our eyes rest. To be able to look at something for the first time. The first look. We try to reproduce the purity of that first look in the things we do for others. But the smells, the shadows of the leaves on the garden walls, the heavy freshness of the silent dawns in fields newly emerged from the night…none of that comes back, it is lost forever.
All that remains is the house, the construction, the work of architects, builders, stonemasons, carpenters. Sometimes, you are afraid that you will no longer fit inside your house. Or that you no longer belong to it.

A house is the words you used passionately and accurately to describe to me a chapel shaped like a tear, formed by the empty spaces of tree trunks that had burned to the ground. Maybe you are the wood that burned, leaving only the black streak of absence.

A house is a vision: that enormous mountain that accompanies my life since childhood. That mountain. A house is the laughter and the sound of the voices of the children who live there. A house is where that old smile of our parents is always waiting for us each time we arrive. A house is laughter, or voices and the smile of friends. We look for a house that exists everywhere, with neither ceiling nor walls. Nor foundations. No closed doors, even. A house is an embrace: the wonderful smell of your loved one, the welcoming warmth, the moving softness and the sweetness of their shape, their skin, their voice, their look that embraces us. That smile that we will always recognise. Their hand in our hand when we walk together. That
is the most eternal and the most precarious house, the only one that will always be waiting for us. No house will come to meet you. To reach a house you have to walk, you have to look for it. You can find it during your lifetime. Or not.

Rui Chafes
Lisboa, July 2010

Título
Belém Lima 12 Regards

Editor
José Manuel das Neves

Direcção de Arte
Gustavo Suarez

Design Gráfico
Pedro Cores

Coordenação editorial
Virgínia Palma

Coordenação Escritório
Ana Coutinho, Cláudia Lopes, Luísa Marques, Duarte Silva (Arquitectos)
Eduarda Freitas (Jornalista)

Retroversão Técnica
Incubadora-ID – Fernando Torres e Ana Torres

Retroversão
Alexandra Leitão

Revisão
Sérgio Simões

Paginação e Arte Final
Susana Monteiro

Foto Capa
Fernando Guerra – FG+SG Fotografia de Arquitectura

Pré-impressão
Uzina

ISBN
978-989-8456-00-7

Depósito Legal
318 522 / 10

Data de edição
Fevereiro 2011

Edição
Uzina Books

 

Title
Belém Lima 12 Regards

Editor
José Manuel das Neves

Art Director
Gustavo Suarez

Graphic Design
Pedro Cores

Editorial Coordination
Virgínia Palma

Office Coordination
Ana Coutinho, Cláudia Lopes, Luísa Marques, Duarte Silva (Arquitects)
Eduarda Freitas (Journalist)

Technical Retroversion
Incubadora-ID – Fernando Torres e Ana Torres

Retroversion
Alexandra Leitão

Revision
Sérgio Simões

Pagination and Art work
Susana Monteiro

Cover Photo
Fernando Guerra – FG+SG Arquitectural Photography

Pre-printing
Uzina

ISBN
978-989-8456-00-7

Legal deposit
318 522 / 10

Publishing date
Fevereiro 2011

Edition
Uzina Books

Últimas reportagens

recent work by Fernando Guerra


A mais completa biblioteca online de imagens da arquitectura contemporânea portuguesa.
Últimos projectos nacionais.
Obras de referência internacionais.
Artigos especiais.
Publicações.
Visite-nos regularmente para novas imagens.

Últimas Collins dictionary
1. last 2. latest, most recent; Latest is the superlative of late. adj You use latest to describe something that is the most recent thing of its kind. 3 adj You can use latest to describe something that is very new and modern and is better than older things of a similar kind.

LOJAS

REDES SOCIAIS

NEWSLETTER